Alguma vez você já entrou em uma cocheira e sentiu as emanações nocivas de amônia? Seus olhos lacrimejam, o nariz escorre, sua garganta fecha; você pode ser tentado a espirrar só de pensar nisso.
Você sairia imediatamente. Imagine então o que deve ser para cavalos confinados em um espaço fechado com pouca ventilação. Onde eles poderiam ir para respirar ar fresco?
O acúmulo de Amoníaco pode afetar a saúde respiratória e o desempenho de um cavalo. A boa notícia é que é evitável, em grande parte, com as práticas saudáveis de gestão.
Segundo Melissa Mazan, médica veterinária, professora associada de ciências clínicas na Escola Cummings de Medicina Veterinária da Universidade Tufts, em Massachusetts: “A EPA (Environmental Protection Agency) recomenda que as pessoas não devem ser expostas a mais de 1,4 ppm (partes por milhão) em uma base crônica; níveis de 24 ppm causam graves irritações de garganta e nasal.
“A amônia, em níveis típicos de baias, afeta principalmente as vias aéreas superiores do cavalo”, ela observa. “No entanto, em concentrações mais elevadas, a amônia pode causar inflamação das vias aéreas e edema pulmonar, o que ocorre geralmente em níveis superiores a 500 ppm. As exposições mais graves com edema pulmonar têm consequências potencialmente fatais.”
A amônia causa condições inflamatórias nas vias aéreas dos equídeos, aumentando o muco, que afeta negativamente a resposta imunológica, interferindo com a ação dos cílios (pelos microscópicos) que revestem as vias respiratórias – estes cílios servem como uma defesa natural, evitando que poeira e detritos entrem profundamente no trato respiratório.
O impacto na respiração de amônia prejudica o desempenho e vitalidade de um cavalo, particularmente quando as vias aéreas também são atacadas por poeira, endotoxinas (um componente de bactérias), e outras partículas.
Eileen Fabian Wheeler, PhD, professora da qualidade do ar na Pennsylvania State University, tem um interesse especial na otimização do ambiente de cocheiras. Ela comenta: “Se você pode sentir o cheiro de amônia no estábulo, então ele já está acima do limite recomendado para uma boa qualidade do ar.”
Ela relatou que o nível de amônia num estábulo deve ser mantido abaixo de 10 ppm, e o reconhecimento do cheiro de amônia pelos humanos não ocorre até 20 ou 30 ppm, o que é mais elevado do que o desejável para a saúde do cavalo. “A amônia é mais leve que o ar, mas o seu nível é maior perto de sua fonte – urina e fezes depositadas nas baias”, diz Wheeler. ”
Para avaliar adequadamente o nível de amônia, você vai precisar medi-la na zona de respiração do seu cavalo (a esfera de dois pés em torno do nariz do cavalo de onde ele tira sua respiração).
Existem empresas que possuem dispositivos para medir a quantidade de amônia no ar.
Boa ventilação e estratégias de higiene práticas são necessárias para livrar um celeiro de amônia. “Cocheiras nunca devem ser fechadas, mesmo no inverno”, diz Wheeler. ”
Os estábulos adequados possuem aberturas em toda estrutura. O não fornecimento de tais aberturas deixa as baias com cheiro de estrume além da amônia e também permite a condensação, que deixa manchas e inclusive deterioram a estrutura.
Altos níveis de umidade, resultantes da má ventilação, tornam um celeiro frio, úmido e abafado. Wheeler salienta que deixando um estábulo “respirar” reduz-se a amônia, odores e umidade e o mantém fresco e seco, mesmo no clima mais frio.
Wheeler faz algumas recomendações sobre o intercâmbio de ar nas baias, baseadas em regras gerais comprovadas:
“Use aberturas permanentes que fornecem pelo menos cerca de 50cm² de abertura por cavalo alojado – o ideal é uma longa fenda em vez de um quadrado, com 3cm de largura de entalhe, permanentemente aberto, ao longo de todo o comprimento da baia, nos beirais”.
Ela ressalta que, colocando essa fenda de entrada nos beirais, o ar frio entra como um fluxo de ar que se mistura rapidamente com o ar parado, um pouco mais quente, da baia. Isso permite a entrada livre de ar fresco, com o ar viciado da baia que circulando para fora. “As aberturas maiores melhoram a chance de manter uma boa qualidade do ar durante todo o ano. “Pode-se fazer aberturas ajustáveis, maiores para um clima mais quente”, diz ela.
Tire vantagem de flutuação térmica (a elevação do ar quente); o ar úmido é menos denso e sobe para as aberturas altas. Wheeler explica, “Aquecido, o ar úmido sobe e é lançado fora pelas aberturas altas, criando um efeito chaminé, que permite que o ar exterior fresco entre na baia, através das aberturas inferiores. Flutuação térmica é uma das duas forças de direção de ventilação natural, a outra é o vento, que é muito mais eficaz do que a flutuação térmica para ventilar uma cocheira”.
Wheeler também observa, “Outro ponto importante é fornecer pelo menos dois conjuntos de aberturas localizadas em diferentes partes da construção; uma abertura de ventilação por si só não será eficaz em melhorar a qualidade do ar em toda a baia. Incluir aberturas no beiral ao longo das duas paredes laterais, por exemplo”.
Ela menciona o valor da utilização de cúpulas com aberturas: “… uma cúpula na parte superior do telhado do pavilhão de cocheiras oferece uma saída para o ar quente e do odor além de permitir que o vento movimente o ar para dentro e para fora do estábulo.”
Wheeler adverte que ter um corredor de trabalho bem ventilado, mas com baias mal ventiladas, não é útil para os cavalos. “Aberturas entre baias também ajudam muito o fluxo de ar em todo o estábulo, com benefícios adicionais na socialização para os cavalos e fácil visualização de todos os animais”, diz ela.
Para cavalos estabulados, em dias quentes, Wheeler recomenda a instalação de portas com malha resistente tanto para o exterior como para o interior das cocheiras. Isso permite que a brisa de fluxo cruzado se desloque entre os corpos dos cavalos.
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